OPINIÕES
Quarta-feira, 31 de Maio de 2006
Por culpa da 76ª Feira do Livro
...este foi viver lá para casa:
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O que me parece bem. Assim faz companhia a este:
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Segunda-feira, 22 de Maio de 2006
MÚSICA E CINEMA - SEU JORGE
SRC=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/36/TheLifeAquaticStudioSessions.jpg>ALIGN=JUSTIFY>As versões em português que Seu Jorge fez das músicas de David Bowie para o filme
“The Life Aquatic With Steve Zissou”, de Wes Anderson, encontram-se a rodar ininterruptamente no meu leitor, ainda que não necessariamente por esta ordem:
01. Rebel Rebel
02. Life on Mars?
03. Starman
04. Ziggy Stardust
05. Lady Stardust
06. Changes
07. Oh! You Pretty Things
08. Rock N' Roll Suicide
09. Suffragette City
10. Five Years
11. Queen Bitch
12. When I Live My Dream
13. Quicksand
14. Team Zissou (bónus)
ALIGN=JUSTIFY>E para quem este conceito de versão faz muita confusão,
aqui fica a opinião do visado e a citação incluída no CD:
“Had Seu Jorge not recorded my songs acoustically in Portuguese, I would never have heard this new level of beauty which he has imbued them with.”DAVID BOWIE
ALIGN=JUSTIFY>E em Novembro vai ser a vez de passar mais uma noite com
este senhor.
Sexta-feira, 12 de Maio de 2006
“Food for tought” - cozinhada por Abel Ferrara
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ALIGN=JUSTIFY>Uma das coisas boas do cinema de qualidade é permanecer uma fonte privilegiada de “food for thought”. De, mais do que nos mostrar, fazer-nos pensar. E nada como uma digestão profunda e demorada para darmos o tempo passado isolados numa sala escura como bem empregue.
ALIGN=JUSTIFY>Tudo isto a propósito do último filme de Abel Ferrara, “Mary”. Mas esta não é ainda a crítica ao filme. É só para deixar algo que mastigar durante o fim-de-semana.
ALIGN=JUSTIFY>Abertamente religioso, sem ser doutrinário, “Mary” fala da procura incessante pelo verdadeiro significado das coisas.
ALIGN=JUSTIFY>A maioria das pessoas é ensinada a preencher esse vazio através de um conjunto de respostas que lhes são entregues numa forma ordenada, com sentido, e com muito boa publicidade por trás – a religião, qualquer uma.
ALIGN=JUSTIFY>Há também quem se mantenha longe dessas inquietudes, achando que o mundo material providencia todas as respostas e preenche todas as necessidades. Até ao dia em que tudo perde o seu sentido, em que o que tínhamos por certo nos é arrebatado e damos por nós no meio de um pesado nada.
ALIGN=JUSTIFY>Muitas vezes, são esses os momentos de revelação. No desespero do sofrimento descobrimos o que estava ali pronto, à nossa frente, só á espera que o aceitássemos. Que estivéssemos preparados para o compreendermos, despojados de orgulho e limpos de preconceitos. E a verdade está ali, encadernada num conjunto coeso de páginas – a religião, uma vez mais.
ALIGN=JUSTIFY>Esse caminho espiritual que cabe a todos fazer, a razão porque fomos colocados neste mundo, o processo de crescimento que precisamos fazer acerca de nós próprios, dos outros, do mundo (afinal é tudo o mesmo), é encurtado com o fast-food espiritual que constitui a religião. Conclusões pré-cozinhadas, suficientemente gerais e ambíguas para agradarem a uma grande quantidade de pessoas.
ALIGN=JUSTIFY>Muito possivelmente (com grande probabilidade) as conclusões a que chegamos por via do nosso próprio esforço e as que chegamos por via do esforço feito por grandes pensadores do passado, aqueles que se deram ao trabalho de desenhar a estrada, serão bastante semelhantes. E aqui não há lugar a grandes distinções, pois qualquer que seja a religião o amor não deixa de ser o conceito de base.
ALIGN=JUSTIFY>A grande diferença está no meio de chegar às respostas. Aceitarmos o que outros pensaram, aceitarmos a sua experiência e a sua aprendizagem sem questionarmos e dispensarmos o nosso próprio pensamento, as nossas experiências e a nossa própria aprendizagem, é um caminho. Na minha opinião, o mais fácil. E o menos gratificante. O verdadeiro prazer é sermos nós a descobrir o sagrado que está dentro de cada ser humano. E dentro de cada ser não-humano também. Tudo é sagrado e deve ser respeitado como tal.
ALIGN=JUSTIFY>Nos dramatismos da religião católica, do sacrifico de Jesus Cristo por todos nós, da culpa de judeus, romanos, ou outros, fica-me a questão: se Deus tudo sabe, sabia também como tudo iria decorrer, por isso cada actor desempenhou exactamente o papel que lhe cabia, de Pilatos a Torquemada, nesse grande desígnio universal que todos se esqueceram de nos dizer qual é.
ALIGN=JUSTIFY>Por isso, sem guião e na base do improviso, tentarei desempenhar o meu papel o melhor possível, decidindo no sentido do bem, procurando respeitar tudo e todos. Só posso esperar que, quando chegar o momento do realizador gritar “Corta!”, eu possa descansar com a certeza de ter usado a verdade em cada uma das minhas palavras.
ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>[Acho que excedi um pouco o âmbito deste blog com estas contemplações, mas a arte é também os seus frutos, as reflexões que gera e as ideias que desperta.]