OPINIÕES
Quarta-feira, 24 de Novembro de 2004
A luta suja dos Óscares

Hollywood sempre gostou de uma boa guerra - e das lutas sujas também. Os Óscares são o melhor campo de batalha para uma lista infindável de maledicência, roupa suja e ataques venenosos. Afinal, a estatueta pode dourar a carreira de um filme ou de um actor. Ou matá-la, até uma próxima "première".


Após os atentados de 11 de Setembro, a imprensa americana anunciou o advento de uma nova indústria na meca do cinema: pipocas sem violência, sobriedade nas festas e unanimidade a rodos. Nem uma coisa, nem outra. Logo depois, em Março de 2002, o actor Russell Crowe digladiava-se na arena, apesar do seu combate ser no campo da inteligência, sem ponta do «Gladiador» que lhe tinha dado o Óscar de Melhor Actor em 2001. O filme «Uma Mente Brilhante», biografia filmada do matemático esquizofrénico e prémio Nobel John Nash, foi à época acusado de "apagar" sinais de anti-semitismo e homossexualidade (que existiriam na biografia real de Nash) - para se portar bem nos Óscares e não afastar os votos de judeus e "gays".


Nesse mesmo ano, os apoiantes dos três actores negros nomeados - o maior número de sempre numa só edição de Óscares - sopravam aos quatro ventos que Hollywood provaria que era racista se nenhum deles ganhasse. Ganharam dois dos nomeados (Denzel Washington e Halle Berry, a primeira mulher). É verdade que, à época, e em 74 edições, apenas um actor negro tinha recebido o principal prémio de interpretação - Sidney Poitier.


«As campanhas foram sempre extremamente competitivas, mas não me lembro de uma que tenha sido tão baixa e tão suja como a deste ano [de 2002]», comentava Robert Osborne, colunista do Hollywood Reporter e autor de um livro sobre a história dos Óscares («70 Years of the Oscar: The Official History of the Academy Awards»). Depois disso, os ataques continuaram sujos. E as campanhas mais violentas.


Afinal, nada é deixado ao acaso. Como políticos, os nomeados visitam potenciais votantes. As feiras e os mercados são substituídos por lares de antigos trabalhadores da indústria e os tempos de antena são "banners" e anúncios de páginas inteiras em "sites" e revistas da especialidade (basta ir às páginas "online" da Variety ou do Hollywood Repórter e descobrir a quantidade de filmes anunciados «for your consideration» - e o "for your" não é dirigido ao espectador, mas sim ao membro da Academia). Peritos de "marketing" são contratados para vender o seu produto - ou, pior, para dizer mal, muito mal, das coisas dos outros.


Mas a prática de conquistar os votos dos membros da Academia por métodos menos ortodoxos (que não sejam apenas as qualidades dos próprios filmes) não é de agora. Em 1930, a fundadora da Academia Mary Pickford ganhou o Óscar para melhor actriz depois de sumptuosas festas dadas a membros da instituição. E na década de 30, os grandes estúdios diziam aos seus artistas contratados em quem votar.


No entanto, a guerra aberta que agora antecede o "dia D" começou de facto há coisa de cinco anos: a Miramax produziu o vencedor da noite, «A Paixão de Shakespeare», com uma agressiva campanha publicitária - e «O Resgate do Soldado Ryan», de Steven Spielberg, não foi salvo do desastre. O mais forte na publicidade nem sempre é o melhor na qualidade cinematográfica.


A verdade é que o negócio do cinema não se compadece com insucessos na noite dos Óscares. Todos sorriem, todos batem palmadinhas nas costas uns dos outros, mas a cerimónia pode revitalizar a carreira industrial de um filme (como fez por exemplo com «O Silêncio dos Inocentes»). E se uma maldadezinha ajudar, por que não? «The show must go on».



por Miguel



realizado por Rita às 00:41
link do post | comentar

Sexta-feira, 12 de Novembro de 2004
DocLisboa 2004: Documentários de sala cheia

Um casal palestiniano que necessita de ir a um hospital, uma ambulância do outro lado à sua espera. Entre eles um jipe israelita totalmente blindado que não lhes permite a passagem. Os palestinianos perguntam porquê. Do interior do jipe uma voz metálica responde-lhe apenas que não podem passar. E há uma câmara que filma tudo isto. E Isto é a curta metragem de documentário “Detail” de Avi Mograbi. E num simples momento muito do que é a questão palestiniana hoje, está ali.


Este foi um dos vários documentários apresentados na edição de 2004 do DOCLisboa que tentaram mostrar os acontecimentos na Palestina que não são noticia de primeira página nos meios de comunicação mundiais, e mais concretamente, o dia-a-dia da ocupação israelita da Palestina. Documentários como “Checkpoint” de Yoah Shamir, documento que acompanha os rituais (de humilhação) a que os palestinianos são obrigados nos postos de controlo israelitas espalhados pelo território palestiniano. Ou “Le Mur” de Simon Bitton, sobre a construção do Muro israelita que separa Israel da Cisjordania (e que pelo caminho vai retalhando ainda mais este território) e “Newstime” de Azza Al-Hassan, sobre o dia-a-dia de jovens palestinianos atiradores de pedras (este acompanhado pela curta-metragem (de ficção) de Elia Suleiman “Cyber Palestine” e que contou com a presença do realizador, que respondeu a algumas questões do público após a sua exibição). Provenientes dos dois territórios em conflito (“Checkpoint”, “Detail” e “Le Mur” são produções israelitas, “Newstime” e “Cyber Palestine” palestinianas) e de qualidade variada, os dois primeiros muito bons, os restantes nem por isso, são coincidentes no entanto a mostrar como o lado mais forte humilha o lado mais fraco, e ao fazê-lo estão a demonstrar como a ocupação israelita só piora tudo, porque fomenta o ódio dos palestinianos em relação a Israel, porque desumaniza os israelitas na sua relação com os palestinianos, porque torna impossível o entendimento entre as duas partes.


Mas o DOCLisboa não se ficou pela Palestina. Passou também por Espanha, através da secção “Foco em Espanha”, dos quais pude ver “La Pelota Vascã” do Julio Medem (realizador alvo de culto pessoal por parte do autor destas linhas) excelente documentário sobre a questão basca, que ouve e expõem as várias faces do conflito basco (ouvindo todos ou quase todos, do lado independentista e espanholista, familiares de etarras presos e familiares de vitimas de terrorismo, políticos, académicos, representantes da sociedade civil, etc...). Assente quase exclusivamente nas declarações dos diferentes entrevistados; num perfeito exercício de montagem e de utilização dramática da banda sonora, consegue mostrar toda a complexidade da questão basca e de como ela não pode ser reduzida a uma situação de bons contra maus (e talvez por isso tenha sido tão atacado pelo governo espanhol da altura, liderado por Aznar e pelo seu PP, aquando da sua estreia); “Asaltar los Cielos” de Lopez-Linares e Royo, biografia do homem que assassinou Trotsky, mas também dos ambientes sociais e políticos por onde passou (desde o movimento operário catalão anterior e durante a guerra civil espanhola, à União Soviética de Estaline e posteriormente de Brejnev, os círculos trotskystas no México, etc...) e “Cravan vs Cravan” de Isaki Lacuesta documentário sobre Arthur Cravan, poeta dadaista, pugilista, personagem “bigger than life” das esferas intelectuais europeias do início do século XX, objecto extremamente interessante que cruza o documental com a ficção, através de um narrador/investigador que se vai assumindo, com o desenrolar do documentário como um alter ego do próprio Cravan.


Também uma verdadeira personagem é Abel Ferrara, realizador nova iorquino que é o foco do documentário “Abel Ferrara: Not Guilty”. Produzido para a série “Cinema de Notre Temps” do canal arte-tv (o tal que a TVCabo decidiu retirar do pacote básico, mas que pelo que parece ninguém, com excepção do Prado Coelho, parece sentir grande falta, mas se se pode ver bons documentários em festivais tão na moda quem é que sente falta de os ver na televisão) este documentário limita-se a acompanhar um Ferrara absolutamente eléctrico (e se ele é assim no seu estado normal, como seria nos seus tempos de junkie) nas suas deambulações pela cidade de Nova Iorque. Simplesmente genial.


O DocLisboa também passou pela América do Sul, através de documentários como o português “Buenos Aires Hora Zero” ou o brasileiro “O Prisioneiro da Grade de Ferro”. O primeiro dá-nos, sob o pretexto macguffiano da procura do último descendente dos primeiros colonos portugueses na América do Sul espanhola, um retrato da cidade de Buenos Aires e das personagens que a compõem. Objecto interessante, especialmente quando se afasta da narração off do realizador e se deixa perder na cidade e nos seus habitantes, e com um ‘final twist’ (embora não propriamente surpreendente) quase à Shyamalan. Quanto ao documentário brasileiro, segue o dia-a-dia da prisão brasileira de Carandiru, que era, até a sua demolição, a maior prisão da América Latina. Feita com base em registos vídeo captados pelos próprios prisioneiros, o melhor que se lhe dizer é que consegue transportar-nos de facto, durante duas horas, para o interior da própria prisão.


E pronto, junta-se-lhes uma dose q.b. de gente e de tempo gasto nas filas para comprar bilhetes e temos o que foi o meu DOCLisboa 2004.



por Sérgio



realizado por Rita às 14:19
link do post | comentar

Sexta-feira, 5 de Novembro de 2004
My First Movie: Twenty Celebrated Directors Talk About Their First Film


de Stephen Lowenstein, Penguin Books (2002)




Este é um dos livros que, desde há já algum tempo, é um habitante assíduo da minha mesa de cabeceira, malas de viagens e mesas de café.


Descobri-o numa pequena referência de uma publicação da especialidade e não descansei até colocar as mãos naquela textura levemente rugosa e o meu nariz no meio daquele odor quente do papel novo.


Depois de calcorrear todos os antros de literados (leia-se livrarias) de Lisboa, cheguei à conclusão que Portugal iria manter-se incógnito a esta edição durante mais algum tempo. Um tempo demasiado longo para que a minha característica impaciência por tudo o que emana boas vibrações me deixasse repousar em paz. Resolvi, pois, enveredar pelo muito adiado caminho da compra cibernética. No entanto, as minhas reticências quanto a largar no ciberespaço um pequeno pedaço da minha identidade (financeira) mantinham-se enraizadas na mentalidade genética do “dinheiro debaixo do colchão”. Felizmente, tenho amigos bem mais inovadores que eu e aproveitei-me da boleia de um deles, ficando a portagem (leia-se portes de envio) a meu cargo.


Porque comprar na Amazon dos Estados Unidos saía mais barato, esta peça de escrita atravessou o imenso Oceano Atlântico e veio parar às minhas mãos, como eu sabia que estava destinado, ainda com o cheiro de casco de navio e uma humidade salgada a pingar das folhas. Eu compararia este livro a uma deliciosa barra de chocolate que se vai saboreando com tempo e dedicação, mas isso seria se, nas minhas mãos, o chocolate conseguisse sobreviver mais de 1 minuto, o que não é o caso. Mas a ideia é mais ou menos essa.

O título do livro é pouco enigmático e não deixa margens para dúvida. Stephen Lowenstein, um jovem realizador, é quem faz as perguntas, e, um pouco à semelhança da sua curta-metragem “The Man Who Held is Breath” (1996), também nós sustemos a respiração, suspensos no ar que é trocado nas diversas entrevistas realizadas a uma mão cheia (e bem) de realizadores.


O elemento comum que une as diversas experiências é o relato detalhado, vivo, revelador e puro da realização do seu primeiro filme. Este é o bastidor dos bastidores: da escrita do guião à recolha de financiamento, do casting dos actores à composição da equipa técnica, da filmagem à edição, da venda do filme ao seu visionamento. Todos os aspectos da indústria cinematográfica são aqui explorados na primeira pessoa, reflectindo a luta por um espaço de criatividade individual, na sua grande maioria feita à custa de consideráveis sacrifícios, sobretudo pessoais.


Um conjunto de realizadores tão diverso como Oliver Stone e Anthony Minghella (o mainstream de Hollywood), os irmãos Coen e Kevin Smith (os independentes americanos), Ken Loach e Stephen Frears, Mike Leigh e Neil Jordan (os ingleses), Ang Lee, Bertrand Tavernier e Pedro Almodóvar (os “estrangeiros”) falam sobre a sua “estreia”. São diferentes personalidades e abordagens cinematográficas, mas o seu entusiasmo é comum. Lowenstein sugere que tal se deve à rara oportunidade de poderem falar sobre um filme que não estão a tentar vender.


Cada capítulo traz a história do nascimento de um filme, que, como um filho, leva o seu progenitor a recuar na memória através de uma viagem emocional, muitas vezes tragicómica. O que se descobre, mais do que a personalidade dos realizadores ou as técnicas subjacentes à concepção de uma primeira obra cinematográfica, é um profundo amor pelo cinema, pela arte de transmitir ideias com imagens, de contar histórias através da combinação de sons e silêncios, de cores e luzes, de planos, película e lentes.


São histórias de triunfo e desastre, de noites em branco e dias de tensão, histórias de homens e mulheres que se empenharam num sonho, que construíram o seu caminho profissional através de descobertas, umas emocionantes outras desoladoras, a par de fugazes momentos de sorte. A inocência, a credulidade, a utopia, a liberdade, chocam aqui com a realidade e as suas contingências, com a usurpação, o cinismo e a arrogância. Erros, inseguranças, ignorância técnica, transformam-se na aprendizagem e esta só é possível através de uma grande dose de humildade e respeito pela experiência de outros.


Apesar do pedaço estanque que é cada capítulo, este livro consegue ser dotado de uma unidade apenas possível pela coerência do entrevistador, pelo seu profundo conhecimento dos entrevistados e das suas obras, pela enorme inteligência das perguntas e pela imensa entrega de quem deixa descobrir as suas memórias mais íntimas.


Rebeldia, inconformidade, atrevimento, originalidade, humor, dedicação, responsabilidade, amor.


Preciso dizer mais?



[ACTUALIZAÇÃO 22 Dezembro 2005]

Já à venda numa FNAC perto de si.







CONTÉUDO:


JOEL and ETHAN COEN: Blood Simple (1984)
TOM DICILLO: Johnny Suede (1991)
ALLISON ANDERS: Gas Food Lodging (1992)
KEVIN SMITH: Clerks (1994)
STEPHEN FREARS: Gumshoe (1971)
KEN LOACH: Poor Cow (1967)
MIKE LEIGH: Bleak Moments (1971)
BERTRAND TAVERNIER: The Watchmaker of Saint-Paul (1974)
BARRY LEVINSON: Diner (1982)
OLIVER STONE: Salvador (1986)
NEIL JORDAN: Angel (1982)
ANTHONY MINGHELLA: Truly, Madly, Deeply (1991)
MIRA NAIR: Salaam Bombay! (1988)
MIKE FIGGIS: Stormy Monday (1988)
PEDRO ALMODÓVAR: Pepi, Luci, Bom (1980)
STEVE BUSCEMI: Trees Lounge (1996)
GARY OLDMAN: Nil by Mouth (1997)
ANG LEE: Pushing Hands (1992)
P. J. HOGAN: Muriel’s Wedding (1994)
JAMES MANGOLD: Heavy (1995)



SUGESTÃO:


Ver o filme respectivo após a leitura de cada entrevista poderá aumentar o prazer de ambas as actividades.




realizado por Rita às 23:50
link do post | comentar

Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004
Recuperação...




Para quem, como eu, perdeu algumas boas peças cinematográficas no meio de tanta solicitação, as reposições do Cine-Estúdio 222 permitem-nos recuperar alguns bons momentos de cinema.


Já distante dos seus tempos da Zero em Comportamento, mas atento à receptividade do público para os circuitos menos comerciais, neste mês de Novembro, por 3,50€, o Cine-Estúdio 222 oferece uma aliciante programação:


01 – 04 Novembro: WONDERLAND, de James Cox
05 – 08 Novembro: GODSEND – O ENVIADO, Nick Hamm
09 – 11 Novembro: INTERVALO, de John Crowley
12 – 15 Novembro: DUPLEX, de Danny de Vito
16 – 19 Novembro: MADAME SATÃ, de Karim Äinouz
20 – 23 Novembro: TOUCHING THE VOID – UMA HISTÓRIA DE SOBREVIVÊNCIA, de Kevin Macdonald
24 – 26 Novembro: ÊTRE ET AVOIR – SER E TER, de Nicolas Philibert
27 – 30 Novembro: ANY WAY THE WIND BLOWS – PARA ONDE O VENTO SOPRA, de Tom Barman


É desta que vou conseguir ver o Madame Satã e o Être et Avoir...!



ACTUALIZAÇÃO[novembro 17, 2004]


Por motivos técnicos, o filme “Madame Satã”, de Karim Äinouz foi substituído pelo filme “Super Size Me”, de Morgan Spurlock.





realizado por Rita às 21:28
link do post | comentar

Terça-feira, 2 de Novembro de 2004
And the Oscar goes to...

ALIGN=JUSTIFY>Tenho por costume fazer noitada no dia da cerimónia de atribuição dos prémios Oscar. Os fusos horários, indiferentes ao meu profundo interesse, esticam-se para lá do aceitável e só à custa de cafeína intravenosa, quando falta a companhia para jogos de cartas, me mantém desperta.

ALIGN=JUSTIFY>A próxima cerimónia é apenas dia 27 de Fevereiro, e aproveito desde já a oportunidade para avisar os amigos do costume que vai haver jantarada lá em casa, com a habitual sessão de apostas (que desta vez vou ganhar!).

ALIGN=JUSTIFY>A noitada de hoje não se prende com motivos cinematográficos, mas estou certa de que um dia alguém fará um relato tragi-cómico dos eventos. O motivo de toda esta ansiedade, das borboletas no estômago, da garganta apertada, dos suores frios é antes a entrega do prémio do Presidente do Mundo, perdão, dos Estados Unidos da América.

ALIGN=JUSTIFY>Acho que todos conhecem os candidatos (sabiam que há um tal de Nader???), por isso dispenso as apresentações. Até porque um deles já deu mostras de todas as suas “elevadas” capacidades, inteligência, discernimento, e preocupação pelo povo americano, ao orientar a sua política no sentido do bem-estar (claro que é do seu bem-estar pessoal, do dos seus amigos, dos seus negócios e afins, mas isso também conta, não?). Do outro, sei que é casado com uma portuguesa e que gosta de ketchup. Não me parece difícil a escolha.

src=http://cinerama.blogs.sapo.pt/arquivo/USA%20elections-thumb.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Não, este não é o resultado das eleições norte-americanas. Apenas uma previsão, ou melhor, intenção utópica. Se a todos restantes países fosse permitido votar nas eleições do auto-intitulado “polícia do mundo”, talvez tudo fosse diferente. Mas, não sendo assim, teremos que aguardar pela decisão das urnas, ou do colégio eleitoral, que, como já vimos há quatro anos, não é exactamente a mesma coisa.

ALIGN=JUSTIFY>Porque me preocupo com o mundo em que vivo, porque acho que nenhuma fronteira existe de facto, e porque acho que todos estamos no mesmo barco (ainda que por vezes prefira tomar um copo com os amigos e pensar que Portugal é uma estação espacial onde nos podemos isolar de todos os perigos; claro que só por breves momentos, já que há quem faça questão de todos os dias nos lembrar que este cantinho também tem as suas “guerras”), esta noite vou injectar alguma cafeína para me manter acordada, e tomar um valium para me acalmar.

ALIGN=JUSTIFY>Não sei qual deles vai ter mais efeito. Tal como não sei quem vai ganhar estas eleições. Desta feita não faço apostas, porque o meu lado racional está em acérrima disputa com o meu lado emocional. Apenas temo por um mundo que parece cada dia mais subjugado ao poder. Por um mundo que apenas olha para o seu bolso sem ver o seu coração, que apenas mede as suas acções de hoje sem pensar no amanhã e que vive a sua vida como se fosse um filme, fiando-se que o final feliz chegará sem trabalho, sem esforço e sem sacrifícios.

ALIGN=JUSTIFY>Talvez eu não tenha entendido bem o conceito de “liberty and freedom for all” ao pensar que isso significa tolerância, humanidade, respeito e amor.

Boa sorte para todos nós!



ALIGN=JUSTIFY>FACE=Verdana SIZE=2 COLOR=#E90909>ACTUALIZAÇÃO
FACE=Verdana SIZE=1 COLOR=#E90909> [novembro 03, 2004]


ALIGN=JUSTIFY>Pensamento do dia: Errar é humano, insistir no erro é estupidez.

ALIGN=JUSTIFY>Há quatro anos atrás foi raiva... Hoje é apenas desencanto... e uma tristeza profunda. Pelo ser humano que reduz a sua inteligência ao dilema da escolha entre um Big Mac e um McChicken e que abdica do seu livre-arbítrio para se submeter a uma ignorância que se fundamenta num pacote instantâneo de ideias prêt-à-penser.

ALIGN=JUSTIFY>A esperança desvanece-se uma vez mais e novamente vê-se obrigada a renascer. Porque acordar amanhã tem de fazer algum sentido.









realizado por Rita às 23:43
link do post | comentar

pesquisar
 
Maio 2012
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
23
24
25
26

27
28
29
30
31


Opiniões recentes

Everybody Lies.

paixões confessadas

back and beautiful

Sound of Noise

puppy love [weekend sound...

Needing/Getting

do not disturb

porque as prendas são par...

O que se vê lá por casa (...

O que se vê lá por casa (...

Opiniões passadas

paixões confessadas
back and beautiful
Sound of Noise
puppy love [weekend soundtrack]
Needing/Getting
do not disturb
porque as prendas são para se dar
O que se vê lá por casa (xiii)
O que se vê lá por casa (xii)
2011 - os melhores filmes
2011 - os melhores livros
2011 - os melhores concertos
It’s a date
Leituras [para reidratar]
poster do ano
No Widows [weekend soundtrack]
Britain's Got Talent
rentrée [yummy]
herculean task
mastigado, engolido, indigesto
80’s fad
all is not lost
sinking in my head [Twin Shadow]
The Rum Diary
The Alamo Drafthouse presents
boy, we could do much more
high[lights]
addictive
Elizabeth Taylor
[THE END] Big Love
on the road to Oscar 2011 (iii)
a rodar [Shy Child]
on the road to Oscar 2011 (ii)
on the road to Oscar 2011 (i)
a rodar [Anna Calvi]
[un]expected
on the radar [Andrew Garfield]
uma imagem para estes dias frios [spooning]
inquietudes [2011]
2010 - os melhores filmes
O que se vê lá por casa (xi)
2010 - os melhores livros
2010 - os melhores concertos
STAR WARS by Olly Moss
aposta(s)
Black Swan X4
I can't abide a horizontal life.
[in]decisões
White Knuckles [weekend soundtrack]
third date
Olly Moss
super [after dust]
super (iii)
super (ii)
super (i)
by protecting my heart truly
pulp fiction
End Love [weekend soundtrack]
O que se vê lá por casa (x)
dharma
all my time
I think I’m losing
drunk girls [LCD Soundsystem]
L'Èpine Dans Le Coeur
poster do ano [ii]
This too shall pass
between two lungs
Tim Burton @ MoMA
keeping us beautiful
”I'm really not supposed to...”
poster do ano [2010]
La Llorona... no más
2009 - os melhores filmes
2009 - os melhores concertos
2009 - os melhores livros
desejos para 2010
playlist
Para todos os especiais
3D e a democracia
[un]declared
[já] no sofá
Série B
[to]night
aderências
Six Feet Over
enjoying the [music]
conveniente
le film du jour
Visions
doclisboa 2009 [manifesto]
e há séries...
há séries...
outros “filmes” (ii)
outros “filmes” (i)
Back
Voltaremos dentro de momentos
once in a lifetime
a censura
ansiedad
anxiety
friday night live
livros e filmes
33 rpm
Rita rocks!
Et Dieu... créa la femme
Frase do ano
Prenda
Os melhores de 2008
wit for beauty?
2008: Balanços cá da casa...
Coraline e Alice
Robert McKee
Bond psicadélico
Bond retro
Obrigada!
Yummy
ESPÓLIO
Ir ao cinema
For Your Eyes Only
Próximas ‘estreias’
A solidão - um poster
HOUSE OF SADDAM
Olimpíadas
11 horas de filme e outras tantas de anexos depois...
Vícios difíceis de abandonar
O poster do ano? (ii)
Summer addiction
O poster do ano?
Ansiedades
Uma noite nacional
Much ado
Dia I: de início, de IndieLISBOA
Late night with Nick Cave
Uma dúzia de palavras
O que se vê lá por casa (ix)
Paixões (e medos)
The Great Escape
Heart attack
Anywhere I Lay My Head
Get well soon!
Might as well face it...
Abrir o ficheiro
No joke(r)
Saldo (não saldos)
O que se vê lá por casa (viii)
O que se vê lá por casa (vii)
O que se vê lá por casa (vi)
As Partículas Elementares
(o verdadeiro) “Planet Terror”
R.I.P.
The Life of... The Pythons
Boas razões
O que se vê lá por casa (v)
Tertúlia
Prova dos nove
Rebaixes a Barcelona
3 anos de Cinerama
Michelangelo Antonioni
Ingmar Bergman
Weekend soundtrack
5 séries - adenda
5 séries
Grindhouse
René Magritte no cinema (ii)
René Magritte no cinema (i)
Verão Azul
Let’s come together
Sessão da noite (iii)
Sessão da noite (ii)
Sessão da noite (i)
O que se vê lá por casa (iv)
Lojas
O Estado do Mundo
Música de domingo
Jusqu'ici tout va bien
Yes, it’s mine
RISCAS BRANCAS
Dia da criança
Muito barulho por nada
(parêntesis)
Ler o cinema
Impulso
O que se vê lá por casa (iii)
Os 5 Mandamentos
Somos todos uns pervertidos
Nós
PRISON BREAK
O paraíso de Jim Jarmusch
FamaFest 2007 - personal highlights
Belle de jour...
Os Anjos em cartaz
Na Cinemateca...
Finalmente, entre amigos
Paris, Texas
Longe de casa
Senso
Vivre Sa Vie
Only Angels Have Wings
O que se vê lá por casa (ii)
L’Atalante
Não és tu, sou eu.
All The Way
O que se vê lá por casa (i)
Viaggio in Italia
Lilith
Persona
Happy birthday Mr. Ziggy!
Bom ano novo!
Reflexão 2006
Prendas
Fatias douradas
O bigode
As melhores festas
Fanny Ardant
The Thin Red Line
Johnny Guitar
Play - Repeat
José Saramago
Hallelujah
Nature Boy
Em boa companhia
Frustração
A Sangue Frio
As horas de almoço...
Impressões
MÚSICA E CINEMA - VI
MÚSICA E CINEMA - V
MÚSICA E CINEMA - IV
MÚSICA E CINEMA - III
MÚSICA E CINEMA - II
MÚSICA E CINEMA - I
Nas próximas duas semanas...
O ONZE IDEAL
No dia da criança
Por culpa da 76ª Feira do Livro
MÚSICA E CINEMA - SEU JORGE
“Food for thought” - cozinhada por Abel Ferrara
Compras
You can never hold back spring
Passei a noite com ele...
PARTICIPATE
Já sem Mrs Henderson
Se Valentim não fosse santo...
QUE ALGO MUDE PARA QUE TUDO FIQUE NA MESMA
SUBGÉNEROS II
SUBGÉNEROS I
Primeiras vezes
Game Set Match
2005 À MEDIDA DE UM CARTÃO
2005 em Filmes
Natal em Cinema
KONG vs. KONG
A PRENDA DE NATAL PERFEITA
a MAIOR história de amor...
A melhor citação
SOBRE PAULETA E O CINEMA FRANCÊS
O Melhor de Bridget Jones: Jamie Cullum
Cinema e Música - Ali Farka Touré
Um filme sobre os atentados de Londres
No dia seguinte
Bond, Girl Bond
POESIA NO CINEMA
OS DIAS DO DOCUMENTÁRIO - O Regresso às Salas Vazias
Invasão Asiática
Bergman e pipocas
Fomos ao tapete
Porque Scorsese não deve receber o Oscar
Os melhores filmes que eu não vi
Os 10 melhores são . . . 14!
2004 em Poucas Linhas e Uma Lista
Dobragem VS. Legendagem
A luta suja dos Óscares
DocLisboa 2004: Documentários de sala cheia
My First Movie: Twenty Celebrated Directors Talk About Their First Film
Recuperação
And the Óscar goes to…
Nostalgia de uma sala vazia
Em ressaca do IndieLISBOA
Descobrir Chaplin
A ignorância de Orson Welles
Dependências
Em jeito de apresentação
A minha estreia
Paixões partilhadas
A Génese

Arquivo

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Setembro 2005

Julho 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004